06 / 04 / 20

Os quatro passos da transformação

Por Vanessa Nogueira

Entramos em crise quando a realidade impõe uma mudança brusca de comportamento, de estratégia, de modelo mental ou de rotina como condição de sobrevivência

Quando alguém te dá um conselho dizendo que é necessário mudar, você pode simplesmente desconsiderar, você pode propor uma discussão, pode elaborar uma excelente defesa para manter o comportamento vigente, pode decidir olhar para o outro lado. 

Mas quando a realidade impõe, não há espaço para contra-argumentos convincentes. A realidade é soberana, e quando ela impõe a mudança só há espaço para uma coisa: transformação

Estamos passando por esse momento agora. A realidade está impondo transformações. Cada um se transforma à sua maneira, mas arrisco dizer que há um padrão, e que, se tivermos consciência dele, a transformação pode ficar mais produtiva e até menos traumática. 

Normalmente acontece assim: você está fazendo as coisas de um jeito X, a realidade vem e manda você fazer de um outro jeito NÃO X, mas não te dá a fórmula. Você resiste, porque, afinal: como alguém pode entrar na sala, falar que o jeito que você está fazendo não serve mais, não propor nada melhor e sair? Você se sente confrontado, mas, convicto, tenta manter o plano vigente mais um pouco pra testar se a realidade estava falando a verdade mesmo. E vê que deu errado. Muito errado. Nessa hora você surta. O SURTO é o período entre a realidade te impor uma mudança e você aceitar que é necessário mudar, mesmo sem ter nenhuma pista de como fazer.  

E não tem regra, um surto pode durar minutos, horas, dias, semanas, meses ou anos. 

Lideranças de empresas altamente inovadoras, por exemplo, tendem a ter surtos mais curtos porque já estão acostumadas a alterar o curso do que estava planejado. São pouco apegadas ao que estava sendo implementado e muito apegadas à realidade imposta pelo mercado. São treinadas em observar os sinais e permitem que os sinais sejam o guia para o plano, ao invés de acreditarem que o plano tem capacidade de guiar o comportamento do mercado. Essa inversão permite mais dinamismo, diminui a duração do surto e aumenta a capacidade de adaptação rápida. 

Outras lideranças, mais conservadoras, permanecem em surto por mais tempo. Diante de uma imposição da realidade para a mudança, demoram a aceitar que é necessário mudar e podem passar anos em surto, tentando contra-argumentar com a realidade. 

Em resumo, a duração do surto é diretamente proporcional à capacidade do indivíduo de enxergar e aceitar a necessidade da mudança. Ou seja, é você que determina quanto tempo seu surto vai durar. Trabalhe para que ele dure minutos: olhe para a realidade, acolha o que ela está te mostrando e comece a observar ao seu redor para achar a solução. 

Fazendo isso, você entra no passo número 2 da transformação: a OBSERVAÇÃO. O que acontece em seguida da aceitação da mudança é você começar a enxergar o que está acontecendo ao seu redor, com abertura: o que eu fazia que agora não funciona mais? Porque não funciona? Quando eu observo a realidade, o que ela me diz? A observação nada mais é do que escutar a realidade com muita atenção. Fazendo isso, você provavelmente entenderá que a resposta que você precisa está no próprio problema que ela gerou. 

Por exemplo, a realidade impõe a interrupção de eventos comemorativos, o que compromete a renda, vamos dizer, dos fotógrafos. Mas ela também oferece às pessoas mais tempo para ficar em casa e colocar em dia a organização das fotos digitais dos últimos dez anos que foram sendo automaticamente armazenadas no Google Fotos. Ela gera, portanto, oportunidade para esses mesmos profissionais ajudarem seus clientes de uma outra maneira: tratando e organizando suas memórias digitais em bonitos álbuns físicos, por exemplo. 

Claro que precisamos considerar que a transformação acontece em diferentes níveis de complexidade. E que para empresas grandes, mudar a direção dessa maneira poderá vir acompanhada de traumas enormes. Mas para encontrar a solução elas também terão que passar pela fase da observação. Será inevitável. 

Agora que você: 

  1. aceitou a necessidade da mudança
  2. encontrou algumas respostas possíveis

É hora de correr atrás do conhecimento que você precisa para tornar essa mudança uma realidade. Ou seja, você entrou na fase do APRENDIZADO. Você busca pessoas que sabem muito mais do que você sobre coisas que não são sua especialidade e se junta a elas para aprender o máximo que puder, o mais rápido que puder, sobre como fazer uma nova estratégia, desenvolver um novo comportamento, um novo modelo mental ou implementar uma nova rotina. 

E, por fim, você coloca o conhecimento adquirido à serviço do seu plano e começa a executá-lo. É o que chamo de ADAPTAÇÃO

Pode ser que seu plano não funcione de primeira e que, dependendo do tamanho da transformação que está sendo proposta, você tenha que repetir os passos de 1 a 4 algumas vezes para chegar a uma solução viável. Por isso, quanto mais rápido você conseguir passar por cada um dos passos, melhor. 

A boa notícia é que parece que estamos nos adaptando bem a essa loucura toda. Rodamos uma pesquisa no Instagram pedindo que as pessoas respondessem: em qual fase da crise você está? E tivemos a feliz surpresa de constatar que 42% das pessoas que responderam se reconhecem em fase de adaptação, contra 33% em fase de aprendizado e 25% em fase de observação. Ninguém respondeu que está em surto. Não é uma amostra representativa da população, mas já é um indício de que a sociedade está seguindo em frente. 

Se permita fazer essa reflexão para entender em que fase você se encontra e, se quiser saber mais sobre como adaptar seu estilo de liderança ou seu negócio, entre em contato com a gente, na Think Again, que podemos ajudar! Vamos juntos! 

 

Siga a Think Again também no Instagram e no LinkedIn para mais conteúdos como esse.
Conheça também a Imersão 3CDI e saiba como liderar empresas em transformação.