Por Vanessa Nogueira
Quando discutimos temas como liderança transformacional, gestão para a inovação e empresas de alto impacto, em geral surgem termos como desordem e desapego. E é comum que aquela liderança muito influenciada pela escola de administração tradicional sinta um certo estranhamento. Isso porque uma associação imediata normalmente é feita entre a desordem e a ausência completa de planejamento.
Mas, dizer que é possível utilizar uma certa desordem como ferramenta para aumentar a agilidade e a eficiência não significa dizer que planejamento não seja necessário.
Dito isso, vamos esclarecer os conceitos para ficar claro.
O planejamento pode ganhar diferentes significados dependendo do líder que está por trás de sua idealização e, em grande parte das vezes, vem carregado com uma característica muito comum da liderança tradicional: o controle. No fundo, planejar, nesse caso, tem como objetivo tentar controlar as variáveis internas do negócio na tentativa de aumentar as chances de sucesso, já que as variáveis externas ao negócio são, em sua maioria, impossível de serem controladas. E não há nada de errado nisso. O problema aparece quando essa tentativa de controle é manifestada a partir de mecanismos internos que definem como cada um deve fazer para a empresa chegar aonde deseja, limitando a capacidade individual de resolução de problemas.
Já o planejamento do líder que transforma a organização a partir da construção de um ambiente interno que favorece a inovação, tem como objetivo deixar o mais claro possível aonde a organização deseja chegar. A diferença é que, nesse tipo de planejamento, importa muito pouco como cada um do time vai resolver os problemas que aparecerem. Desde que estejam todos remando para o mesmo lugar, e dando seu máximo para pensarem soluções criativas ao longo do caminho, está tudo certo.
Esse líder que é capaz de transformar o negócio, planeja aos poucos, e utiliza o aprendizado do time como principal fonte de conhecimento para amadurecer a visão de futuro, na medida em que a realidade se impõe. Dificilmente você verá a liderança transformadora fazendo planejamentos altamente estruturados, que estabelecem detalhes sobre como cada área vai fazer ao longo dos próximos 10 anos para atingir o faturamento X ou o resultado Y. Ele sabe que no final do primeiro ano a probabilidade desse planejamento mudar é tão alta, que prefere não despender tempo demais nisso agora. Ao contrário, planeja para garantir que a visão está firme e bem comunicada e vai se desapegando no meio do caminho das ideias que forem se mostrando ruins.
Nesse contexto, podemos até inferir que planejamento, desapego e desordem caminham juntos. O planejamento define a visão e alguns indicadores de que ela está sendo bem executada para que o time tenha clareza do que é sucesso. A desordem permite que cada indivíduo da empresa tenha liberdade para resolver os desafios que a realidade impõe do jeito mais eficaz possível. E o desapego permite que o que não funciona seja descartado e que o conhecimento fruto das tentativas, erros e acertos retroalimentem o planejamento.
Se quiser saber mais sobre como se tornar um líder que transforma, fale com a gente! Estamos aqui para te ajudar durante a jornada.